Menos de 24 horas depois de assumir o poder nos EUA, o governo de Joe Biden faz um gesto poderoso de retorno à Organização Mundial da Saúde e anuncia que irá integrar a aliança mundial de vacinas contra a covid-19, a Covax, para garantir que imunizantes cheguem aos países mais pobres. 

Na manhã desta quinta-feira, Anthony Fauci, participou por vídeo pela primeira vez do Comitê Executivo da agência internacional, declarando que a OMS é "líder" na luta global contra a pandemia. Chamando Tedros Ghebreyeus de "querido amigo", Fauci ainda anunciou que quer o fortalecimento e reforma da agência, e garante vai cumprir suas obrigações financeiras com a OMS. 

Ao se unir à aliança de vacinas, a Casa Branca da esperanças à direção da OMS de que o vácuo de imunizantes nos países em desenvolvimento comece a ser superado. Hoje, praticamente todas as doses aplicadas contra a covid-19 ocorreram em países ricos e alguns poucos emergentes. 

Segundo Fauci, a operação para a distribuição de vacinas precisa ser "multllateral", um termo usado de forma insistente em seu discurso e numa sinalização de uma mudança radical na política externa de Washington. 

Para o representante da Casa Branca, o novo governo americano irá trabalhar de forma "construtiva" para "reformar e fortalecer" a OMS. Mas também deixou claro que as investigações conduzidas pela entidade sobre a origem do vírus precisam ser "claras e robustas".

Nesta semana, uma equipe internacional está em Wuhan, depois de meses de negociações com o governo chinês. 

"Esse é um dia bom para a saúde global e para a OMS. O papel dos EUA é crucial e mando meus agradecimentos ao presidente Biden", respondeu Tedros, diretor-geral da entidade. "Temos de trabalhar como uma família e damos as boas-vindas para o retorno dos EUA à família", insistiu.

Europa também comemorou. "É o momento de reforçar a aliança entre Europa e EUA para fortalecer e reformar as entidades internacionais", disse a delegação da Áustria, em nome do bloco.

O Reino Unido aplaudiu a decisão de dar apoio "financeiro, científico e político" ao processo de distribuição de vacinas. "Moralmente e cientificamente, não podemos apenas vacinar nossas populações", declarou Londres. 

O governo chileno deu as boas-vindas à decisão de Biden e comemorou o compromisso da Casa Branca com o "multilateralismo". Em nome dos 47 países da África, o governo do Gabão declarou que a região felicita os americanos por sua atitude de retorno à entidade. 

Já a embaixadora do Brasil na OMS, Maria Nazareth Farani Azevedo, tomou a palavra durante o debate para dizer que estava "feliz" ao ver a intervencão de Fauci. "O Brasil está pronto para cooperar com os EUA e com todos os membros da OMS no fortalecimento da OMS e liderar a reforma", disse.